sábado, janeiro 27, 2024

PRÉMIOS E GALARDÕES EM MAGIA


No meu ponto de vista, nas áreas artísticas, as distinções podem dividir-se em duas categorias: prémios e galardões.

Analisemos estas duas categorias.

Os prémios são as distinções obtidas em concursos em que um júri avalia uma prestação artística realizada durante um intervalo de tempo limitado. Portanto, deve ficar fora de avaliação qualquer conhecimento prévio que os jurados possam ter sobre a valia artística dos concorrentes em apreço. No fundo, um concurso trata-se de uma espécie de corrida em que não há qualquer handicap positivo para um concorrente que já tenha sido vencedor em anteriores corridas. 

Naturalmente que estou a retratar a situação ideal, pois sendo um júri constituído por jurados humanos, haverá sempre lugar a variações de análise de cada um deles, fruto da respectiva sensibilidade artística e de algum conhecimento anterior quanto à valia dos concorrentes.

Mas, se a influência de tal conhecimento, não sendo desejável, é compreensível, já o mesmo não direi de outro tipo de conhecimento sobre a personalidade e comportamento social dum qualquer concorrente. Assim não me choca absolutamente nada que um prémio num concurso de magia seja atribuído a alguém que seja alcoólico ou vigarista (apenas para dar dois exemplos dos muitos possíveis).

Concursos em que os premiados das sucessivas edições constroem sólidas carreiras artísticas acabam por se tornar cada vez mais atraentes para praticantes que buscam impulsionar as respectivas carreiras estejam elas numa fase de arranque ou num fase de estagnação. São exemplos desta situação, os concursos da FISM, o Prémio Ascanio e o International Magic Competition.

Os galardões deverão ter, no meu entender, outro tipo de análise e enquadramento.

Os galardões são distinções atribuídas em função de uma análise circunstanciada do percurso do galardoado (realizada por uma comissão ou por uma só pessoa) a que não pode (nem deve!) ser alheia a consideração de situações extra-artísticas que possam diminuir seriamente a sua importância no âmbito da respectiva Arte.

Assim, de forma alguma considero que alguém com comportamentos reprováveis, como fazer uma pequena chantagem para calar vozes que dele discordam ou burlar uma entidade patronal (apenas para dar dois exemplos dos muitos possíveis), possa, por maiores que sejam os respectivos méritos artísticos, merecer a a atribuição duma distinção deste tipo. E, mais do que o próprio galardoado, será a entidade que atribuiu o galardão que ficará, com tal decisão, em xeque perante a comunidade esclarecida e com boa memória.

São bem conhecidas, na comunidade mágica internacional, as histórias à volta dos Merlin Awards atribuídos por International Magician Society de Tony Hassini.