Aqui se pode ler a desenvolvida história dos meandros dos MERLIN AWARDS.
Post Scriptum (em 18 de Agosto de 2023): Quem tiver dificuldade em entender a língua inglesa pode ver aqui a respectiva versão em espanhol.
ASSIM VAI A MAGIA (ILUSIONISMO)
Aqui se pode ler a desenvolvida história dos meandros dos MERLIN AWARDS.
Post Scriptum (em 18 de Agosto de 2023): Quem tiver dificuldade em entender a língua inglesa pode ver aqui a respectiva versão em espanhol.
Reprodução do artigo publicado na revista MAGIA (CIF) de Janeiro/Junho 1999
UMA GRANDE ILUSÃO CHAMADA… PRÉMIO
por Jomaguy
“Os prémios e galardões obtidos em Ilusionismo, como em qualquer outra actividade, não têm um valor absoluto, mas apenas um valor relativo, função do tempo e local a que se reportam.”
Apesar da frase transcrita constituir, para mim, uma verdade inquestionável, não posso deixar de reconhecer que há concursos que, possuindo um historial de participações de grande qualidade, constituem, inequivocamente, referências de elevado padrão para os respectivos galardoados. São exemplos disso o concurso da FISM e a competição de CLOSE-UP promovida por Ron MacMillan, pois, em qualquer dos casos, a respectiva entidade organizadora procura garantir a permanente elevada qualidade dos mesmos.
Não espanta, portanto, que tais concursos (e outros igualmente acreditados no meio mágico) sejam objectivos apetecíveis para os jovens mágicos em busca de sucesso. Mas o desejo (de vencer um desses concursos) não deve ser confundido com a realidade. Não é, portanto, eticamente correcto que alguém, após a obtenção de um prémio num determinado concurso, menos conhecido ou divulgado, procure sobrevalorizar esse prémio referindo que o mesmo foi obtido numa competição organizada por outra entidade (mais conhecida ou mais credível), mesmo que o prémio lhe seja entregue pelo líder dessa outra entidade. Quanto a mim, ao tomar tal postura mentirosa está, intrinsecamente, a reconhecer que o concurso em que participou foi de menor gabarito.
Por vezes a divulgação de tal informação errónea é feita fora do ambiente mágico podendo ser interpretada como uma tentativa de obter um melhor aproveitamento comercial de tal prémio. Mesmo nessa situação, não é uma atitude correcta, sob o ponto de vista ético. Mas claro, MUITO MAIS GRAVE é manter e sustentar tal mentira dentro de um clube mágico onde a transparência e a verdade devem ser lei e regra.
Que diríamos nós se o sr. Eduardo Franco, que recebeu um galardão pela sua dedicação ao CIF (que, na ocasião, lhe foi entregue pelo sr. Marques Vidal, presidente da FISM) aproveitasse a fotografia da entrega do prémio para propagandear que tinha recebido um galardão de dedicação da FISM? Claro que nem o sr. Eduardo Franco nem qualquer outro ilusionista de boa formação ética tomaria tal atitude. Mas seremos todos assim?…
Não tenho dúvidas que é sempre um motivo de regozijo a obtenção de um prémio numa actividade à qual nos dedicamos e procuramos dar o melhor de nós mesmos, mas a VERDADE sobre esse prémio será, em qualquer circunstância, a melhor informação que poderemos prestar sobre o mesmo.
Até porque A VERDADE É COMO O AZEITE: VEM SEMPRE À TONA!
Reprodução do artigo publicado na revista MAGIA (CIF) de Março/Abril 1997.
A MAGIA DE ASCANIO SERÁ ETERNA
por Jomaguy
O universo do Ilusionismo está mais pobre: faleceu ASCANIO. E a morte surpreendeu-o com um baralho de cartas na mão, no passado dia 6 de Abril, na sua residência em Madrid, quando apresentava algumas das suas jóias cartomágicas a um amigo.
Ascanio era por direito próprio cidadão mágico universal e, naturalmente, o mundo da Magia não pode deixar de chorar a perda de um dos seus membros mais criativos e que muito ajudou a elevar cultural e cientificamente o nível da prática do Ilusionismo. A sua paixão era a cartomagia, mas as teorias que desenvolveu e explanou de forma brilhante são de aplicação tão vasta que o seu nome ficará gravado, a letras de ouro, na História da Magia Universal.
Ascanio tinha um carinho muito especial pelo nosso país, pelos nossos ilusionistas e pelo Porto. Não resisto a transcrever, com a devida vénia, uma passagem da entrevista publicada na revista “O MÁGICO” nº 2 (Março de 1996). Eis as palavras do MESTRE:
«Há momentos mágicos, especiais, momentos de prazer. Uma ocasião, no Porto, numa humilde tasca depois de comer um bacalhau com vinho verde, que gosto muito, estava com um grupo a fazer os nossos “juegos”. O dono, um tasqueiro clássico, pançudo, perguntou a alguém quem eu era e disseram-lhe exagerando claro! à saída, o dono, a família e os empregados formaram alas e à minha passagem aplaudiram; o povo, o verdadeiro povo dava-me a sua homenagem. Foi no Porto. Estava o Coimbra, a Paula, o Pedro... foi precioso esse momento. Foi mágico.»
Ascanio nasceu a 22 de Março de 1929 e seu interesse pelo Ilusionismo começou muito cedo pois aos 11 anos já apresentava sessões de magia para os amigos de seu pai. A sua carreira foi recheada de êxitos de que é justo destacar o 1º Prémio de Cartomagia do Congresso FISM de 1970 (Amsterdam). O seu exemplo e os seus ensinamentos frutificaram através da Escuela Mágica de Madrid e duma vasta obra literária que se encontra traduzida em inglês, francês e alemão, a par das participações e conferências em congressos, onde a sua presença era chamariz irresistível para os apaixonados da cartomagia. Desde muito novo que o seu talento e a sua mestria foram reconhecidas por grandes nomes da Magia. Eis o que David Bamberg (Fu Manchú) escreveu, em 1958, sobre Ascanio, no prólogo dessa pequena maravilha literária (refiro-me a “Navajas e daltonismo”) que o MESTRE nos legou:
«Um manipulador de primeiríssima categoria, um mago de pequenos detalhes e um cavalheiro encantador. Uma dessas “almas raras” que ama a magia e que faz alguma coisa de concreto com os seus conhecimentos. Na minha humilde opinião, Ascanio está no nível mais elevado da magia moderna.»
Ascanio não morreu. Porque só morrem os que nada deixam que nos lembre a sua ausência. E Ascanio deixou-nos um exemplo de amor à MAGIA e um legado de ensinamentos que o manterá vivo, na nossa memória, para sempre. Paz à sua alma.