"O Ilusionismo português está mais pobre" parece ser um chavão, mas é totalmente justificável neste momento, pois faleceu ontem, com 83 anos, o ilusionista português ROVIT.
De seu nome completo Victor Manuel Ferreira Alves, ROVIT foi um dos mágicos mais conceituados da sua geração, sendo, provavelmente, o ilusionista português mais reconhecido além-fronteiras no último quartel do século XX. Após ter abraçado, em 1975, o profissionalismo a tempo inteiro, fixou residência em Espanha durante largos anos.
Depois de já o ter visto actuar num programa da RTP ("Domingo à Noite", creio eu) e ter ficado impressionado com a qualidade da sua performance, lembro-me de conhecer pessoalmente ROVIT no casamento de JOFERK (outro dos GRANDES dessa geração, infelizmente já desaparecido) e de ter estreitado a nossa amizade e conhecimento mútuo na viagem de comboio para a FISM de Paris (1973).
Ao longo da sua carreira ROVIT conquistou vários prémios, sendo junto destacar o 1º Prémio de Manipulação no 1º Festival Mágico da Figueira da Foz e o Prémio Frakson (que lhe foi atribuído pela SEI Madrid no ano de 1989).
ROVIT foi também uma presença assídua nos ecrãs da RTP com participações em diversos programas de variedades e a responsabilidade de realizar 4 séries de programas de Ilusionismo.
Em Março de 1999, a revista "O Mágico" dedicou-lhe o respectivo dossier, o qual incluíu o meu contributo com o texto que seguidamente reproduzo.
Até sempre, Victor!
8 X ( R + O + V + I + T )
Jomaguy
Recordação A viagem a Paris (FISM’73).
Recursos Muitos. Manipulação, Magia Geral, Grandes Ilusões,
Close-up, etc.
Regalo A presença em palco.
Relevante O trabalho em prol do Ilusionismo.
Renovar O reportório. Preocupação constante.
Renúncia A uma vida sedentária de bancário (ou seria banqueiro?).
Ressalvar A palavra “alfenetes”.
Rolas Uma rotina impecável. “Profissionalíssima”.
Obstinado Quanto baste.
Ocasião O primeiro encontro (no casamento do Coimbra).
Ocupação Magia, encher balões e... visitar boites.
Opinião Sempre abalizada.
Organizador Dos Encontros de Sintra.
OriginalidadeUma caixa de espadas com uma cartola.
Ortografia Sempre errou ao escrever “alfenetes”.
Ousadia Trocar a vida de “banqueiro” pela de ilusionista.
Vacilar Apenas ao pronunciar alfinetes (ou será alfenetes?).
Vadiagem As saídas nocturnas... para ir trabalhar!
Vagabundo Como qualquer mágico profissional.
Vanguarda Da dignificação do Ilusionismo.
Vaticínio Ainda tem muito para dar à MAGIA portuguesa.
Vendedor Esse é o outro, o Mr. Balloon.
Vitória A maior foi sobre um aparatoso (e grave) acidente.
Vocabulário Com um óbice enorme: a palavra “alfenetes”.
Ibérico Pudera, com tantos anos em Espanha.
Ideal Seria o mundo mágico... sem alfenetes.
Idioma Houve tempos em que misturava portunhol com espanhês.
Ilusionista Uma certa maneira de ser e estar.
Imposição Dos temas de Sintra... como um “capo mafioso”.
Impossível Pronunciar alfinetes.
Impulsionar O desenvolvimento da nossa Arte.
Insuflar Balões de todas as formas e feitios.
Tabu A palavra... (o leitor já adivinha qual é!).
Tarde A manhã do artista que trabalha de noite.
Teatros Oficinas de trabalho.
Televisão Muitos TEMPOS DE MAGIA...
Teresa A MAY sem lantejoulas.
Traje Preocupação com a renovação.
Transporte A mania do CITROËN.
Treinar A obrigação permanente do profissional competente.