Seguidamente reproduzo o texto de minha autoria que integrou o dossier "JOFERK & CRISTY", publicado na edição de Dezembro de 1997 da revista "O Mágico".
25 ANOS MAGICANDO COM JOFERK
por Jomaguy
Joferk é, sem sombra de dúvida, desde há muitos anos, um padrão de referência no Ilusionismo nortenho. Tive a felicidade de o conhecer há 25 anos e, desde esse momento, construimos e solidificamos uma amizade que nos transformou em compadres. Tenho a certeza que o meu percurso mágico não seria o mesmo se esse encontro não tivesse acontecido. Por isso é com enorme prazer que aqui relembro os factos mais marcantes desta vivência mágica paralela.
1º Acto
Em 4 de Janeiro de 1970, quando me encontrava numa fase de despertar para a descoberta desta Arte maravilhosa que é o Ilusionismo, tomei conhecimento, através da rubrica MAGIA (da autoria de Cardinal e que o Jornal de Notícias publicava aos domingos), da existência de um ilusionista amador de nome artístico JOFERK. Apesar da biografia aí publicada ser quase telegráfica, fixei, imediatamente, o respectivo nome para tentar assistir a uma das respectivas actuações, logo que possível... Esse meu projecto levou mais do que 1 ano e 3 meses a ser concretizado, como veremos.
2º Acto
Três meses depois (mais concretamente em 5 de Abril de 1970), na mesma rubrica, voltei a tomar contacto com Joferk, pois foi publicada uma carta aberta de sua autoria dirigida ao Dr. Pires de Carvalho. Pelo conteúdo da mesma fiquei ciente que o seu autor era uma pessoa preocupada com o desenvolvimento do Ilusionismo e interessada em contribuir para a união de esforços de todos os intervenientes válidos para a concretização de tal objectivo.
3º Acto
Passou cerca de um ano e, finalmente, em Abril (ou Maio) de 1971 tive, pela 1ª vez, oportunidade de assistir a uma actuação de Joferk, a qual me marcou profundamente. Ainda recordo, como se fosse hoje, a beleza da rotina do pintor mágico. Que excelente ideia e que lástima o Coimbra não a ter mantido e desenvolvido como ela merecia. A propósito desta actuação transcrevo, seguidamente, o que expressei no meu pequeno opúsculo “25 ANOS MAGICANDO...”.
«Creio que não falhei a presença num único desses espectáculos [programa Pica-Pau], onde tive oportunidade de apreciar algumas actuações que me maravilharam, até porque fugiam do figurino habitual das actuações de circo. Foi, nesse programa, que adoptei o meu primeiro ídolo no âmbito do Ilusionismo. Adivinham de quem se tratava? Se responderam JOFERK, acertaram.»
4º Acto
Finalmente, em 20 de Maio de 1972, tive oportunidade de conhecer, pessoalmente, Joferk. Aconteceu num espectáculo de beneficiência em que ambos fomos convidados para actuar e sobre esse encontro deixo as impressões que registei no supracitado opúsculo.
«Esse espectáculo que, inicialmente, estava previsto ser integrado, apenas, por artistas amadores principiantes, acabou por registar a presença de vários artistas consagrados, entre os quais aquele ilusionista que era o meu ídolo: JOFERK. Imaginem os sentimentos contraditórios que então me assaltaram: por um lado o júbilo de ir conhecer, pessoalmente, aquele mágico que considerava como modelo de referência e por outro lado o receio de ver a minha actuação menos apreciada ao estar sujeita a comparação com tão excelente ilusionista.
Como era habitual no final de tal tipo de espectáculo houve um convívio entre os artistas intervenientes e foi aí que me apaixonei pelo... close-up. Foi decididamente um caso de amor à primeira vista fruto de uma impecável exibição informal de JOFERK, de que ainda recordo o “Chop Cup” e a “Carta Polaroid”. O que aí presenciei em cartomagia nada tinha a ver com os enfadonhos truques de cartas que, até essa altura, se haviam cruzado comigo nas minhas leituras mágicas. Também o JOFERK me convidou a aparecer no CIF, depois de passar o Verão.»
5º Acto
A partir dessa data o meu contacto com o Coimbra foi-se, a pouco e pouco, estreitando, enquanto eu bebia, sofregamente, todos os conhecimentos que de tal fonte brotavam. Recordo aqui o que expressei no mesmo opúsculo.
«A partir do último trimestre de 1972, sempre que os estudos permitiam, aparecia nos Fenianos e na respectiva filial de Mouzinho da Silveira: A Fogueira das Meias. Atravessei uma fase de descoberta do Ilusionismo e aprendizagem constante em que o contributo do Coimbra foi, como sempre reconheci, fundamental.»
É da mais elementar justiça registar que o apoio que o Coimbra me dava causava-lhe, por vezes, alguns transtornos na sua ocupadíssima vida... de solteiro (entenderam?). Daí que o meu reconhecimento por tal apoio seja, naturalmente, o maior.
6º Acto
Passaram-se 25 anos num percurso mágico paralelo de presenças em espectáculos, festivais e congressos, para além da vivência, mais ou menos assídua, dos encontros semanais no nosso CIF. No entanto, como não há bela sem senão, deve registar-se que a presença do Coimbra nas nossas actividades semanais tem sido escassíssima nos últimos tempos. Mas isso não faz diminuir a nossa amizade nem lhe retira o lugar que, por direito próprio, ocupa no panorama mágico nortenho (e nacional).
7º (e último) Acto
Estou certo que o Coimbra vai ultrapassar rapidamente um certo estado de letargia mágica em que se tem mantido, pois ainda tem muito para dar ao Ilusionismo português. Se tal ajudar poderá reler a carta aberta que referenciei no 2º Acto, imaginando que foi assinada por mim e lhe está dirigida. Pela minha parte termino fazendo votos que este artigo o possa estimular a dar um novo impulso à sua brilhante carreira mágica.
Todos ficaremos a ganhar com isso.