terça-feira, setembro 20, 2022

Uma vez mais... o baralho invisível!


Se tivesse que apostar no truque de cartas que mais vezes foi feito em programas de televisão, eu apostaria no "baralho invisível". 

Hoje, mais uma vez, tive oportunidade de ver esse velhinho truque no programa Praça da Alegria (RTP 1), executado pelo Mário Daniel. 

Felizmente o artista teve a criatividade suficiente para lhe acrescentar um "melhoramento": a carta escolhida pelo espectador muda de lugar num "abrir e fechar de olhos", perdão... num "abrir e fechar de baralho".


segunda-feira, setembro 19, 2022

25 ANOS MAGICANDO COM JOFERK


Seguidamente reproduzo o texto de minha autoria que integrou o dossier "JOFERK & CRISTY", publicado na edição de Dezembro de 1997 da revista "O Mágico".


25 ANOS MAGICANDO COM JOFERK

por Jomaguy

Joferk é, sem sombra de dúvida, desde há muitos anos, um padrão de referência no Ilusionismo nortenho. Tive a felicidade de o conhecer há 25 anos e, desde esse momento, construimos e solidificamos uma amizade que nos transformou em compadres. Tenho a certeza que o meu percurso mágico não seria o mesmo se esse encontro não tivesse acontecido. Por isso é com enorme prazer que aqui relembro os factos mais marcantes desta vivência mágica paralela.

1º Acto

Em 4 de Janeiro de 1970, quando me encontrava numa fase de despertar para a descoberta desta Arte maravilhosa que é o Ilusionismo, tomei conhecimento, através da rubrica MAGIA (da autoria de Cardinal e que o Jornal de Notícias publicava aos domingos), da existência  de um ilusionista amador de nome artístico JOFERK. Apesar da biografia aí publicada ser quase telegráfica, fixei, imediatamente, o respectivo nome para tentar assistir a uma das respectivas actuações, logo que possível... Esse meu projecto levou mais do que 1 ano e 3 meses a ser concretizado, como veremos.

2º Acto

Três meses depois (mais concretamente em  5 de Abril de 1970), na mesma rubrica, voltei a tomar contacto com Joferk, pois foi publicada uma carta aberta de sua autoria dirigida ao Dr. Pires de Carvalho. Pelo conteúdo da mesma fiquei ciente que o seu autor era uma pessoa preocupada com o desenvolvimento do Ilusionismo e interessada em contribuir para a união de esforços de todos os intervenientes válidos para a concretização de tal objectivo.

3º Acto

Passou cerca de um ano e, finalmente, em Abril (ou Maio) de 1971 tive, pela 1ª vez, oportunidade de assistir a uma actuação de Joferk, a qual me marcou profundamente. Ainda recordo, como se fosse hoje, a beleza da rotina do pintor mágico. Que excelente ideia e que lástima o Coimbra não a ter mantido e desenvolvido como ela merecia. A propósito desta actuação transcrevo, seguidamente, o que expressei no meu pequeno opúsculo “25 ANOS MAGICANDO...”.

«Creio que não falhei a presença num único desses espectáculos [programa Pica-Pau],  onde tive oportunidade de apreciar algumas actuações que me maravilharam, até porque fugiam do figurino habitual das actuações de circo. Foi, nesse programa, que adoptei o meu primeiro ídolo no âmbito do Ilusionismo. Adivinham de quem se tratava? Se responderam JOFERK, acertaram.»

4º Acto

Finalmente, em 20 de Maio de 1972, tive oportunidade de conhecer, pessoalmente, Joferk. Aconteceu num espectáculo de beneficiência em que ambos fomos convidados para actuar e sobre esse encontro deixo as impressões que registei no supracitado opúsculo.

«Esse espectáculo que, inicialmente, estava previsto ser integrado, apenas, por artistas amadores principiantes, acabou por registar a presença de vários artistas consagrados, entre os quais aquele ilusionista que era o meu ídolo: JOFERK. Imaginem os sentimentos contraditórios que então me assaltaram: por um lado o júbilo de ir conhecer, pessoalmente, aquele mágico que considerava como modelo de referência e por outro lado o receio de ver a minha actuação menos apreciada ao estar sujeita a comparação com tão excelente ilusionista. 

Como era habitual no final de tal tipo de espectáculo houve um convívio entre os artistas intervenientes e foi aí que me apaixonei pelo... close-up. Foi decididamente um caso de amor à primeira vista fruto de uma impecável exibição informal de JOFERK, de que ainda recordo o “Chop Cup” e a “Carta Polaroid”. O que aí presenciei em cartomagia nada tinha a ver com os enfadonhos truques de cartas que, até essa altura, se haviam cruzado comigo nas minhas leituras mágicas. Também o JOFERK me convidou a aparecer no CIF, depois de passar o Verão.»

5º Acto

A partir dessa data o meu contacto com o Coimbra foi-se, a pouco e pouco, estreitando, enquanto eu bebia, sofregamente, todos os conhecimentos que de tal fonte brotavam. Recordo aqui o que expressei no mesmo opúsculo.

«A partir do último trimestre de 1972, sempre que os estudos permitiam, aparecia nos Fenianos e na respectiva filial de Mouzinho da Silveira: A Fogueira das Meias. Atravessei uma fase de descoberta do Ilusionismo e aprendizagem constante em que o contributo do Coimbra foi, como sempre reconheci, fundamental.»

É da mais elementar justiça registar que o apoio que o Coimbra me dava causava-lhe, por vezes, alguns transtornos na sua ocupadíssima vida... de solteiro (entenderam?). Daí que o meu reconhecimento por tal apoio seja, naturalmente, o maior.

6º Acto

Passaram-se 25 anos num percurso mágico paralelo de presenças em espectáculos, festivais e congressos, para além da vivência, mais ou menos assídua, dos encontros semanais no nosso CIF. No entanto, como não há bela sem senão, deve registar-se que a presença do Coimbra nas nossas actividades semanais tem sido escassíssima nos últimos tempos. Mas isso não faz diminuir a nossa amizade nem lhe retira o lugar que, por direito próprio, ocupa no panorama mágico nortenho (e nacional). 

7º (e último) Acto

Estou certo que o Coimbra vai ultrapassar rapidamente um certo estado de letargia mágica em que se tem mantido, pois ainda tem muito para dar ao Ilusionismo português. Se tal ajudar poderá reler a carta aberta que referenciei no 2º Acto, imaginando que foi assinada por mim e lhe está dirigida. Pela minha parte termino fazendo votos que este artigo o possa estimular a dar um novo impulso à sua brilhante carreira mágica. 

Todos ficaremos a ganhar com isso.

sexta-feira, setembro 16, 2022

O GRANDE ILUSIONISTA



Tenho-me apercebido que, sempre que a ARTE MÁGICA (Ilusionismo) é usada metaforicamente no mundo da política, tal é feito com a conotação negativa de "vigarice". 

Porque será?


"Capital mundial da magia"



O título "capital mundial da magia" adoptado para esta notícia tem um sabor demasiado requentado. 

Há 17 anos (sim, leram bem, dezassete anos!) eu escrevi, no meu blogue, um texto alusivo a várias capitais de magia, o qual pode ser lido aqui.


terça-feira, setembro 13, 2022

25 ANOS SEM ARTURO DE ASCANIO



Em 6 de Abril passado completaram-se 25 anos sobre o falecimento de ARTURO DE ASCANIO. Com o objectivo de homenagear essa figura ímpar da Magia, a GRADA MÁGICA (dos meus amigos ARMANDO GÓMEZ e MIGUEL GÓMEZ), com a valiosa colaboração de PABLO BASTERRECHEA, organizou um evento em Madrid ao qual não podia faltar.



O evento foi constituído por uma muito bem organizada exposição de objectos pessoais que pertenceram a ASCANIO (aparatos mágicos, livros, manuscritos, recordações de congressos, etc.), a qual foi complementada com várias palestras que ajudavam a transmitir a superior importância de ASCANIO na Magia que hoje se pratica. O evento encerrou com uma excelente Gala Mágica, em que actuaram JUAN GISMERO, MIGUEL ANGEL GEA, RAFAEL BENATAR, ANTHONY BLAKE e ARMANDO GÓMEZ (este último no papel de apresentador). Também trabalhou (e muito) MIGUEL GÓMEZ, como assistente de palco.

Na palestra de quinta-feira (única a que assisti) teve um papel fundamental o meu amigo PEDRO LACERDA MACHADO que, como sabemos, era um dos "filhos mágicos" de ASCANIO, conforme este sempre referia.


Ao visitar a exposição foi com alguma emoção que verifiquei que entre os pertences de ASCANIO que aí estavam expostos figurava uma carteira-arquivo de cartões de visita onde estava o meu cartão que eu lhe entregara em 1979, quando veio ao Porto participar (como actuante e palestrante) no 20º aniversário do CIF.

Na altura do falecimento de ARTURO DE ASCANIO escrevi um artigo para publicação na revista MAGIA (CIF), o qual está reproduzido aqui.

POST SCRIPTUM

Em 29 de Outubro de 2022 foi divulgado o seguinte video que resume esta homenagem a Arturo de Ascanio:



terça-feira, setembro 06, 2022

A GALA DE CLOSE-UP DA FISM 2006


Reprodução do artigo publicado na revista MAGICAMENTE (API) de Outubro 2006.


A GALA DE CLOSE-UP
por Jomaguy

Já me habituei que, nos Congressos FISM, a Gala de Close-up é algo de muito sui generis. De facto num Congresso que, desde 1988, reúne mais de 2000 participantes (exceptuando a incursão por terras do Oriente realizada em 1994) não é possível criar condições de autêntica Magia de Proximidade. Mas tenho a sensação que, em Estocolmo, houve uma das piores condições que me lembro pois a sala tinha uma capacidade de cerca de 800 lugares, pouco declive e as actuações realizaram-se em cima do respectivo palco. Nestas condições nem mesmo os espectadores das primeiras filas conseguiam ver o tampo da mesa onde decorriam as actuações. Portanto, todos os espectadores tiveram que seguir as actuações pelos ecrãs gigantes e a única autêntica espectadora de proximidade foi a operadora de câmara de TV que dava os grandes planos da mesa quando necessários (melhor dizendo, nem sempre…). 

Esta Gala foi repetida 3 vezes e o grupo em que fiquei integrado assistiu à segunda apresentação da mesma (Quarta-feira, 2 de Agosto). Esta gala começou da pior maneira possível: um grande burburinho provocado por uma falha imperdoável da Organização. De facto quando abririam as portas os porteiros de serviço começaram a recolher os bilhetes dos participantes, informando que não haveria lugares marcados. Entretanto começaram a chegar participantes que tinham lugares atribuídos nas filas da frente e que não se resignaram a ir para lugares em filas do fundo da sala. Instalou-se um verdadeiro caos, pois entretanto as pessoas que haviam deixado os bilhetes nas mãos dos porteiros tiveram que ir recuperá-los, obviamente não conseguindo obter os lugares primitivos (o Andrély foi um dos prejudicados). 

Um dos que estava irritadíssimo com toda esta situação era Ali Bongo que, inclusivamente, subiu a palco para protestar veementemente com o elemento da organização que tentava conseguir que as pessoas se acalmassem. Nunca imaginei ver um gentleman como Ali Bongo tão fora de si… A situação só foi debelada quando Dag Lofalk (Presidente do Congresso) veio a palco assumir o erro, pedir imensa desculpa e solicitar a colaboração de todos para se conseguir ultrapassar a situação e dar início à gala. Lembro que esta era a segunda apresentação da Gala de Close-up, pelo que um erro como este é totalmente inadmissível.

Foi então que o apresentador (cujo nome desconheço, pois não constava do programa) deu início à Gala, apresentando Belinda Sinclair. Por conversas tidas com amigos que haviam assistido à Gala do dia anterior, já estava mais ou menos preparado para o que me esperava, mas, mesmo assim, a decepção foi muito grande. Aliás o facto de Belinda Sinclair ter sido escolhida para abrir esta segunda Gala de Close-up quando tinha encerrado a Gala da noite anterior é sintomático… Acompanhada por dançarinos, músicos e cantores, a pouca magia desta actuação perdeu-se totalmente devido a uma realização televisiva aparentemente mal ensaiada… Mas, se calhar, ainda bem, pois cada vez que era dado um grande plano do trabalho de Belinda Sinclair com as cartas nas mãos era gritante a sua pouco apurada técnica…Definitivamente um péssimo começo para esta gala. Sorte tiveram os assistentes da primeira gala de Close-up que, ao verem a qualidade deste número e sabendo que era o último, puderam sair a meio. E muitos o fizeram, tanto quanto sei.

Seguiu-se Tim Star. Um ar de cowboy e uma actuação à base de cartas que não me convenceram a ir ver a sua conferência. Não o recomendaria para um qualquer festival nacional. Um daqueles convidados FISM que, sem comprometer, passaria despercebido se tivesse participado no concurso.

Ao ser anunciado o nome do convidado seguinte, os espectadores, que estavam no estado de apatia provocado pelas actuações já relatadas, despertaram para a realidade de irem, finalmente, assistir a uma actuação com nível FISM. Lennart Green não os desiludiu. Melhor dizendo, iludiu-nos mais do que nunca, sendo, indiscutivelmente, o mais ovacionado de toda a noite. A sua matrix em que “esconde cartas de tamanho poker debaixo de moedas de tamanho normal”, por si só, era merecedora da ovação em pé que lhe foi tributada. Numa palavra: ARRASOU!

Adivinhava-se muito difícil a tarefa do artista seguinte, Bob Sheets, que, à última hora, substituiu o anunciado Tim Conover, impedido de viajar por razões de saúde. No seu estilo habitual, Bob Sheets conseguiu entreter com o truque “Homing Card” (versão “quase semelhante” à de Fred Kaps) e intrigar com o truque dos “Cubos Numerados”, o qual não sendo um truque de close-up, foi particularmente bem escolhido face às condições da sala, pois permitiu aos presentes seguirem a actuação sem olharem para os ecrãs.

Seguiu-se Michael Vincent cujo trabalho foi bastante prejudicado pela pobreza da realização de TV. Chegou-se ao cúmulo do público gritar instruções para que o realizador mostrasse aquilo que realmente era importante ser visto. Não se percebe a falta de ensaio nesta matéria.

A gala encerrou com a actuação de Armando Lucero. Foi a segunda vez que o vi actuar e, desta vez, fiquei com uma impressão muito mais positiva do que acontecera em Espanha (onde, provavelmente, esteve num dia de azar). Não há dúvida que certos efeitos que apresenta quando vistos do ângulo certo (e a câmara de TV estava lá) são verdadeiramente mágicos. 

Conclusão: uma gala a merecer nota positiva, mas não muito alta, por culpa exclusiva da organização.

Para melhorar substancialmente a opinião generalizada dos presentes bastaria a organização ter as seguintes 3 precauções:

  • Informar correctamente os porteiros, para evitar a confusão inicial;
  • Contratar uma boa equipa de realização de TV e/ou dar-lhes condições para realizar os necessários ensaios;
  • Não contratar Belinda Sinclair.