Realizou-se no passado fim de semana, na cidade invicta, o evento
OPEN HOUSE PORTO (
https://2018.openhouseporto.com). Um dos espaços portuenses que integrava tal evento era o CLUBE FENIANOS PORTUENSES (
https://2018.openhouseporto.com/plus/exposicoes-visitas-fenianos/). Tendo sido, durante muitos anos, sócio do Clube Fenianos Portuenses e membro activo da respectiva secção de ilusionismo (CIF - Clube Ilusionista Fenianos) achei por bem aproveitar o citado evento para actualizar a minha memória pessoal relativamente a uma instituição de grandes pergaminhos na nossa cidade. Naturalmente que, no âmbito do programa OPEN HOUSE PORTO, mereceu a minha especial atenção o ponto referido como
“SECÇÃO E MUSEU DE MAGIA: A história do ilusionismo no Porto e no CIF”. E foi essa minha especial atenção que me levou a sair de tal visita triste e desiludido!…
Ora como num post, colocado no Facebook por Ana Maria Meixieira (dirigente do CIF), em que o meu nome é referenciado, foi escrito, de forma genérica, “Recebemos os melhores elogios de quem nos visitou.” (sic) sinto-me na obrigação de deixar, de forma clara e pública, que eu não teci elogios à exposição patente no CIF. Bem pelo contrário, eu critiquei os erros e lapsos existentes na exposição do CIF perante Eduardo Meixieira e Ana Maria Meixieira (dirigentes do CIF) e Dr. Vitor Tito (dirigente do Clube Fenianos Portuenses). Vou tentar resumir as razões da minha tristeza e desilusão supracitadas.
Para elucidar os visitantes ao espaço do Ilusionismo (CIF) foram elaborados dois painéis informativos, os quais incluíam a reprodução de algumas fotografias.
No painel BREVE HISTÓRIA DO CLUBE ILUSONISTA FENIANOS há, logo à partida, a registar o erro ortográfico na palavra ilusionista (Por acaso tal erro passava despercebido nas primeiras leituras de quem sabe, de cor e salteado, o nome do CIF). Infelizmente tal erro ortográfico repetia-se no desdobrável “VENHA CONHECER AS MUITAS HISTÓRIAS QUE O CLUBE FENIANOS TEM PARA CONTAR”, que era distribuído aos visitantes à entrada do clube. Infelizmente muitos outros erros ortográficos existem no mesmo painel, no que concerne aos nomes de ilusionistas que actuaram e/ou conferenciaram no CIF. Mas, infelizmente, não é essa quantidade de erros ortográficos que me causou tristeza e desilusão. Há erros e lapsos bem piores, como, por exemplo:
1 - A breve história do CIF é apresentada de forma errática, com critérios de destaque pouco claros. A título de mero exemplo posso referir que a presença do CIF no I Festival Mágico da Costa Verde merece o destaque como actividade do ano em 1975 e as presenças nos diversos Festivais Mágicos da Figueira da Foz apenas merecem uma menção conjunta num parágrafo “partilhado” com as participações nas Convenções Mágicas da API. De igual forma é feita uma referência, como destaque anual (1978), às Primeiras Jornadas Mágicas de Lamego e nada é referido relativamente ao MAGICPORTO/CIF 84. Estes são apenas dois exemplos que me saltam à vista, mas, certamente, muitos outros poderia apontar.
2 - Neste painel está escrito “2006 - Estocolmo, Suécia, onde dois jovens que nasceram no CIF, apoiados pela Associação Portuguesa de Ilusionismo (API), foram premiados: Helder Guimarães, 1º Prémio Mundial em cartomagia e David Sousa, 2º Prémio Mundial em Magia de Palco” (sic). Esta asserção contém um erro que considero muito grave: é MENTIRA dizer que os dois jovens nasceram no CIF!… Obviamente que se entende que o “nascimento” referido é o nascimento como mágicos, mas nem o Helder Guimarães nem o David Sousa nasceram, magicamente falando, no CIF. E é muito feio tentar atribuir a nós próprios méritos que não temos… Um outro erro é referir o David Sousa como 2º Prémio de Magia de Palco. Tal erro só vem pôr a nu a ignorância mágica de quem elaborou o texto, pois, nos Campeonatos Mundiais de Magia da FISM, existem várias modalidades em Magia de Palco e o David Sousa obteve o 2º lugar numa dessas modalidades (Manipulação).
3 - Não se consegue vislumbrar qualquer critério na escolha das fotografias reproduzidas para ilustrar este painel.
Na primeira fotografia (com a legenda Fundadores) aparecem 4 elementos em destaque, um dos quais me era totalmente desconhecido. Segundo informação que me foi dada pelo Tony Klauf trata-se de Victor Peacock, ilusionista inglês que visitava, com frequência, o Porto e era colaborador da revista MAGIA.
Nas 9 fotografias seguintes (sem quaisquer legendas) são apresentados nove ilusionistas. Ora, se a presença das fotografias de Cardinal, Maury, Fred Allen e Savil é mais do que justificada porque são (ou foram) associados do CIF com contributos relevantes na vida do clube, já a presença das fotografias de Fu-Manchú (não o reconheço na foto, mas foi identificado como tal por Ana Maria Meixieira), Jahn Gallo, Lanydrak e Andrély é TOTALMENTE DESCABIDA. Falta referir o caso da fotografia de Hortiny. Apesar de não ser sócio do CIF, a sua fotografia poderia fazer sentido, no painel, se estivesse, em algum lugar, referido que Hortiny faleceu no palco do Clube Fenianos Portuenses após terminar uma actuação. Como tal não é referido no painel, também a fotografia de Hortiny é DESCABIDA. E no lugar de tais fotografias poderiam (melhor dizendo, deveriam…) estar as de Joferk, De Rock (Prof. Virgolino), Raiuga, Marques Pinto, Tony Klauf ou tantos outros sócios do CIF que, por mérito próprio, fazem parte da vida e história do clube.
A última fotografia a ilustrar tal painel tem como legenda “VANDERMAG (Capitão Lacerda Machado). Grande ilusionista e pai de Vandermag Jr. (Pedro Lacerda) relevante figura do ilusionismo nacional e internacional” (sic). É evidente que, na minha opinião, a presença de tal fotografia ainda é MAIS DESCABIDA do que as outras cuja presença considerei descabida (Nota explicativa: acho MAIS descabida do que as restantes porque tem uma dimensão MAIOR do que as outras descabidas; com igual dimensão seria igualmente descabida…). No entanto o dirigente do Clube Fenianos Portuenses, Dr. Vítor Tito, ao ouvir as minhas críticas, apressou-se a esclarecer que a presença de tal foto nada tinha a ver com ilusionismo, mas era resultado da política do Clube Fenianos Portuenses… Fiquei esclarecidíssimo!… Resta-me apenas dizer: mal vai o CIF quando os respectivos dirigentes aceitam este tipo de ingerência num âmbito que apenas lhes deveria dizer respeito.
No painel ANO DE OURO DO ILUSIONISMO PORTUGUÊS é dado um destaque especial a Helder Guimarães e David Sousa. No destaque dado ao Helder também sou referenciado com palavras elogiosas. Tais elogios, no entanto, não apagam a MENTIRA expressa da seguinte forma: “Ambos começaram a carreira mágica no CIF" (sic). Nem eu nem o Helder começamos a carreira mágica no CIF e portanto tenho que repetir: é muito feio tentar atribuir a nós próprios méritos que não temos… Também aqui se repete o erro de referir o prémio FISM de David Sousa como sendo em “magia de palco” (sic). Conforme já expressei anteriormente, nos Campeonatos Mundiais de Magia da FISM, existem várias modalidades em Magia de Palco e o David Sousa obteve o 2º lugar numa dessas modalidades (Manipulação).
Relativamente à exposição de material, achei que estava nos moldes que eu antevia. Apenas tenho uma dúvida: será adequado, num evento tipo OPEN HOUSE, fazer uma exposição usando objectos emprestados? Não será isto a mesma coisa que, quando convido alguém para ir a minha casa, pedir a um amigo meia dúzia de quadros emprestados para não mostrar as paredes nuas? Aderir a uma OPEN HOUSE é, precisamente, abrir as portas de nossa casa e mostrar exactamente como ela é, não como gostaríamos que ela fosse.
Por último relembro o que era prometido no programa: “SECÇÃO E MUSEU DE MAGIA: A história do ilusionismo no Porto e no CIF” (sic). Já se viu que a história do ilusionismo no CIF foi muito mal/pouco contada… E a história do ilusionismo no Porto onde estava?… Em lado nenhum, respondeu eu!... Onde estavam as mais do que merecidas referências pormenorizadas a David Castro, a Martins Oliveira (I.I.R.S. / Academia Portuguesa de Ilusionismo) e à Magiarte? (Nota: A Magiarte aparece apenas referida por ter representado o CIF no Congresso de Sevilha em 1951; terá sido esse o mérito maior da Magiarte?)
Posteriormente à publicação deste texto, o Tony Klauf teve a amabilidade (que agradeço) de me chamar a atenção para a impossibilidade da Magiarte "ter representado o CIF no Congresso de Sevilha em 1951"... É que a Magiarte foi fundada em 1956 e o CIF foi fundado em 1959... Enfim, mais um erro a juntar a tantos outros!
Percebem agora a minha tristeza e desilusão?