É sempre bom ver o nome de um português no meio de tantos nomes sonantes da magia mundial.
quarta-feira, julho 30, 2014
segunda-feira, julho 07, 2014
"E AQUELES QUE, POR OBRAS VALEROSAS, SE VÃO DA LEI DA MORTE LIBERTANDO..."
Seguidamente, reproduzo, o artigo que escrevi (a pedido de Rui Fernandes) para publicação na edição da revista MAGICAMENTE da API destinada a homenagear o Dr. Jorge Teixeira.
“E AQUELES QUE, POR OBRAS VALEROSAS, SE VÃO DA LEI DA MORTE LIBERTANDO...”
por Jomaguy
Seguramente que este é o artigo destinado a uma publicação mágica (MagicaMente) que eu não quereria ter de estar a escrever neste momento, mas, infelizmente, a implacável lei da vida impõe “timings” que nós, por muito que queiramos, não conseguimos contrariar.
A notícia chegou-me, de supetão, através do Facebook: tinha falecido o Jorge Teixeira, um mágico da minha geração com quem tinha criado laços de amizade desde os longínquos tempos dos Festivais da Figueira da Foz. Imediatamente um conjunto de imagens de momentos percorreu a minha mente. Em todas elas estava o Jorge Teixeira que eu conheci, com o bom senso, a cordialidade e a grande paixão pela magia que o caracterizavam.
Provavelmente, a citação dos Lusíadas que escolhi para título poderá parecer exagerada aos mágicos da nova geração que identificam o Jorge Teixeira apenas como o “pai do Pedro dos Tá Na Manga”. Não protagonizou espectáculos públicos de grande mediatização nem séries de televisão que lhe dessem visibilidade, mas tenho a certeza que, se o Jorge Teixeira não tivesse abraçado com paixão esta nossa Arte, hoje o ilusionismo português não seria o mesmo.
Envolveu-se em vários projectos mágicos, onde sempre pôs os seus conhecimentos, sagacidade e bom senso ao serviço do engrandecimento e dignificação da Magia como Arte. Um daqueles em que estive lado a lado com ele desde a primeira hora foi a fase inicial (entre final de 1995 e início de 1997) da revista O MÁGICO. Foi um projecto muito apaixonante enquanto durou. Não interessa trazer à colação os motivos da respectiva cessação, mas estou convicto que, se tudo tivesse seguido sempre o caminho apontado pelo Jorge Teixeira, poderíamos ter hoje uma revista de referência no panorama mágico dos países de língua oficial portuguesa.
Um outro momento que quero destacar foi a sua intervenção no diferendo entre a organização do MagicValongo e o grupo Os 4 de Pau. Nesse contexto ele revelou-se como um verdadeiro estadista da nação mágica portuguesa. A sua proactividade e bom senso resultou numa iniciativa pacificadora de grande relevo. É caso para dizer que um estadista sozinho conseguiu fazer mais pela “nação” do que os “partidos” existentes na mesma.
Por tudo isto (e muito mais que poderia ser dito) o Jorge Teixeira desapareceu do nosso convívio, mas não morreu, pois só morre quem é esquecido. E ele não pode ser esquecido. E (tenho a certeza!) não o será!