sábado, dezembro 03, 2005

BARAKALDO 2005


Esta reportagem foi publicada, em Novembro de 2005, na revista da Associação Portuguesa de Ilusionismo, MAGICAMENTE.

BARAKALDO 2005

Dado que o 27º Congreso Nacional de Magia de Espanha decorreu entre 23 e 26 de Junho “vi-me obrigado”, pela primeira vez, a passar o S. João fora da minha cidade natal. Passei-o em Barakaldo, pequena cidade dos arredores de Bilbao. É caso para dizer: Magia, a quanto obrigas!

Concursos

Os concorrentes presentes nas diversas modalidades tiveram, na generalidade, um bom nível e apenas relembro um concorrente, na modalidade de Grandes Ilusões, que foi francamente mau. Alguns deles não atingiram o nível “óptimo” porque as boas ideias apresentadas não estavam totalmente “amadurecidas”. As classificações atribuídas pareceram-me, na generalidade, ajustadas aos desempenhos nos concursos.

Gala de Apertura

Esta gala foi apresentada por Jorge Blass e teve a participação de Arkadio, Yunke, Miguel Angel Gea e Banachek. Este último não teve o impacto que o seu nome faria supor. Admito que uma boa parte da justificação se prenda com a perda de “timing” provocada pela necessidade de tradução.

Gala de Magia de Calle

Contrariamente ao que o nome fará supor, não se tratou de uma “Gala de Magia de Rua”, mas sim de uma Gala de Magia na rua. Decorreu na Herriko Plaza (uma praça ao lado do Teatro Barakaldo) e foi um espectáculo que esteve a cargo de Bertran Lotth e da sua companhia. Basicamente constituído por grandes ilusões (muitas delas, clássicas) este espectáculo tira partido de ser realizado num palco com todas as condições para Magia, pois é propriedade do próprio artista. 

Gala Internacional de Magia de Cerca

Numa sala com boas condições para este tipo de espectáculo, esta gala foi bem apresentada por Luigi (que também serviu de tradutor a quem se expressava em inglês) e teve a participação de Shoot Ogawa (boa técnica, mas um tipo de apresentação que não me tocou), José Quesoyyo (excelente), Miguel Ajo (que formou uma excelente“dupla mágica” com o José Quesoyyo, após este terminar o seu número “a solo”), Pit Hartling (excelente, mas de quem esperava algo de novidade, o que não aconteceu), Jason Latimer (com a rotina do Grande Prémio FISM e na, minha opinião, muito melhor que em Haia) e Armando Lucero. Posso dizer que este último me desiludiu. Talvez porque tinha uma expectativa muito alta, devido às multidões que, na FISM 2003, o rodeavam quando actuava de surpresa numa mesa do bar. Ou talvez por saber que ia dar uma conferência privada apenas para quem pudesse (e quisesse) pagar um balúrdio. Ou talvez por me parecer que sabia expressar-se em espanhol e preferiu falar em inglês. Ou talvez porque ele estava num “dia não”e os seus números são construídos apenas para realçar uma técnica excelente que possui, mas que não é totalmente infalível (como se viu…).

Gala Internacional de Magia de Escena

Esta gala realizou-se no Palácio Euskalduna Jauregia (Bilbao) e foi uma gala com a presença de público leigo. Teve apresentação de Luís de Matos, que esteve bem numa fluente apresentação em castelhano. Actuaram Mirko, Marcel, Omar Pascha, Arno e Jeff McBride. Todos estiveram ao nível a que nos habituaram, pelo que, daí resultou uma excelente Gala de Magia para público leigo, mas sem surpresas para quem é “habitué” de galas de congressos.

Gala de Clausura

Esta Gala que serviu para revelar os premiados dos concursos teve apresentação de Enric Magoo (esteve muito bem na função). Actuaram, como convidados, Jason Latimer (com a sua rotina de palco que, fica, em minha opinião, alguns furos abaixo da rotina de close-up) e Magic Nima. Também actuaram alguns premiados com as respectivas rotinas de concurso. Sob pena de falhar a referência algum actuante (pois não tirei notas escritas para esta breve reportagem) relembro Nacho Diago (1º prémio de Magia Geral), Edama (1º prémio de Grandes Ilusões) e Rubiales (1º prémio de Micromagia).

Conferências

As conferências foram diversificadas. Pepelu  e Justo Thaus apresentaram uma conferência sobre Fiscalidade, à qual não assisti. Ir para férias e ouvir falar de IRS estraga as férias a qualquer um… 

Banachek apresentou uma boa conferência constituída por alguns números de mentalismo que integram os seus DVD’s. 

Bebel apresentou uma conferência de cartomagia constituída por um desfiar de rotinas com toques pessoais mas todas elas mais ou menos clássicas. Não pareceu ter um guião estruturado da conferência e foi fazendo rotinas do seu repertório até esgotar o tempo da conferência. Como todas as rotinas eram tecnicamente rebuscadas a única maneira de as lembrar seria comprar as respectivas notas de conferência no final. Eu não o fiz. E como eu, muitos mais, pois é um exagero pedir “uma fortuna”  (creio que eram 25 euros) por 4 folhas fotocopiadas e agrafadas. 

Tamariz apresentou uma excelente charla de homenagem a Pepe Carroll e a José Frakson. Foi uma conferência agendada para o fim da noite e a sala esteve repleta, o que mostra o interesse que este tipo de conhecimento histórico tem para os magos espanhóis… e não só! 

Jeff McBride apresentou uma excelente conferência, a qual foi, basicamente a mesma que lhe vi apresentar, há alguns anos, no Teatro Taborda, em Lisboa. 

Alberto de Figueiredo (que substituiu o anunciado Marko, impedido de se deslocar a Espanha devido a problemas pessoais) apresentou uma excelente conferência de cartomagia. As respectivas notas de conferência eram constituídas por 58 páginas impressas e encadernadas (tipo brochura) e custavam 20 euros. Claro que comprei. E como eu muita mais gente. 

As conferências foram repetidas pois os congressistas encontravam-se divididos em 4 grupos referenciados por cores diferentes. As conferências marcadas para domingo foram realizadas num edifício distinto do Teatro Barakaldo. Acho que não foram acauteladas as condições adequadas para tal efeito. Foi por isso que assisti à última conferência referida numa espécie de sala de aula, onde tivemos que andar a posicionar as cadeiras para nos sentarmos com a melhor visibilidade possível (acabei por ficar de pé junto de uma parede). Para cúmulo houve um problema no sistema de condicionamento de ar e, a dado momento, do tecto caiu um bloco de gelo junto da primeira fila de cadeiras. Em seguida começou a cair chuva do equipamento de condicionamento de ar e houve necessidade de fazer um reajuste no posicionamento de mesa e cadeiras. Sem comentários.

Feira Mágica

A feira mágica estava dividida por dois pisos e contou com cerca de 30 feirantes, alguns dos quais nunca os vi com a banca aberta. É caso para dizer “Lá como cá!”. Do que por lá vi merece-me referência um “microfone que levita”, o qual despertou a especial atenção de um dos mágicos portugueses presentes no evento. 

Na minha perspectiva foi um congresso com nota muito positiva, em que há que destacar a pontualidade de todos os actos do programa (concursos, incluídos!). Até julguei que estava em Inglaterra.