BREVE REPORTAGEM
Pelo 2º ano consecutivo estive presente neste evento mágico que o Círculo de Madrid da SEI promove anualmente. O modelo adoptado para este evento permite aos participantes uma óptima relação entre “magia absorvida” e “tempo despendido”, pois entre as 10 horas de sábado (23 de Outubro) e as 19 horas e 30 minutos de domingo (24 de Outubro) permitiu apreciar:
- Um concurso de Magia de Mesa com 7 concorrentes;
- Um concurso de Magia de Palco com 3 concorrentes;
- Duas conferências de VITO LUPO;
- Uma conferência e um oficina (workshop) de TONY CACHADIÑA;
- Uma Gala Mágica com 5 artistas convidados: MURPHY (apresentador), ALEJANDRO FURNARDJIEW, RAHMA KHAN, HECTOR e ARESON;
- Uma Gala mágica de encerramento com 7 artistas convidados: PEPE REGUEIRA (apresentador), JOE BURK, GEA, TONY CACHADIÑA, HECTOR, ARESON e VITO LUPO; apesar de não estar previamente indicado no programa esta gala também incluiu 2 artistas premiados: HELDER e KARIM;
- Um Cocktail Mágico com 4 artistas convidados: IVAN, DAVO, JOSE "QUESOYYO" e MIGUELAJO.
A primeira conferência de VITO LUPO foi teórica e nela transmitiu muitas ideias fundamentais à prática de BOA magia, fruto da sua experiência pessoal e da sua permanente aprendizagem em áreas artísticas variadas (teatro, mímica, etc.). EXCELENTE! A segunda conferência, embora, aqui e ali, aflorasse alguns pontos teóricos foi mais prática, com explicação de técnicas e truques que, na maioria, já lhe tinha visto numa conferência realizada em Portugal, “há séculos”. Nesta segunda intervenção também esteve bem, mas como conferência foi menos conseguida que a anterior.
Devido ao atraso com que se iniciara o Concurso Ascanio, a conferência de CACHADIÑA teve que ser compactada. Percebeu-se que a ideia estruturante da mesma era homenagear Arturo de Ascanio pondo e evidência a aplicação das suas ideias teóricas em rotinas que desenvolveu. Mas como passou “a correr” a parte teórica a fim de ter tempo de apresentar todas as rotinas que trazia preparadas, a conferência transformou-se numa exibição e explicação de truques. Teria sido preferível retirar uma ou duas rotinas da conferência e desenvolver melhor os aspectos teóricos nas que fossem apresentadas. A oficina versou “efeitos com notas de banco”. Não foi uma oficina no sentido exacto do termo, mas uma palestra informal com participação de alguns dos presentes. Aliás a extensão do material recolhido por CACHADIÑA dava para uma oficina de… 2 dias!
As galas mágicas foram boas. Na primeira destaco negativamente a prestação de ALEJANDRO FURNARDJIEW, que esteve numa tarde de azar (deduzo eu, pois o Prémio na recente Flasoma diz algo do seu valor). A primeira parte da rotina de cartas foi um desastre. Quando se apercebeu que lhe tinha ficado indevidamente baralhada a montagem, não deveria ter insistido em continuar. E destaco positivamente RAHMA KHAN que continua a ser um faquir cujo trabalho mostra a mesma classe que lhe vi na Figueira da Foz, no século passado.
Na Gala Mágica de Encerramento há que destacar negativamente o apresentador. PEPE REGUEIRA tem muita experiência e muita graça, mas transformou a gala no “seu” espectáculo com a inclusão de alguns convidados. Apresentações muito demoradas entre os artistas levaram a gala a terminar a horas impróprias. Como tinha que sair às 19 horas (a IBERIA “recusou-se” a retardar a partida do avião…) não vi a actuação de VITO LUPO. Também não se entende que HECTOR tenha participado em ambas as galas apresentando parcialmente a mesma rotina. Nesta gala não actuou JOE BURK por se encontrar internado num hospital, em situação clínica complicada. Foi-lhe prestada uma homenagem com projecção de referências à sua carreira e, no final. Foi-lhe tributada uma forte ovação.
O cocktail mágico permitiu ver mesmo Magia de Cerca, pois na sala em que decorreu o cocktail foram instaladas 2 mesas em cantos opostos onde os 4 convidados se revezaram na apresentação das suas rotinas. Apesar de afastadas, as mesas não ficaram imunes a interferências mútuas nos momentos de aplausos e outras reacções dos respectivos públicos.
Para culminar este fim de semana de muita (e BOA!) magia, este ano os concursos tiveram um sabor muito especial para nós, portugueses, pois os nossos 2 compatriotas que se apresentaram nos concursos foram galardoados: HELDER ganhou o Prémio Ascanio e MIGUEL CAMPOS ganhou o Prémio Páginas do Concurso Frakson. PARABÉNS A AMBOS.
Os prémios ASCANIO e FRAKSON são atribuídos por decisão de um "duplo júri": júri técnico e júri artístico. Este ano o júri técnico foi constituído por: Camilo Vasquez, Luis Boyano, Augustin Leal, Miguel Gómez e Jorge Blass. O júri artístico foi constituído por um conhecido (em Espanha, naturalmente) actor de Teatro, Cinema e Televisão e por um Actor/Encenador teatral, dos quais não recordo o nome.
Os prémios Páginas são atríbuídos por votação secreta dos presentes, com a seguinte condição expressa: caso o mais votado coincida com a decisão do júri, o prémio é atribuído ao segundo mais votado.
Nas conversas de corredor que mantive (antes de serem conhecidos os resultados) com diversos magos espanhóis pareceu-me haver concordância quase generalizada com a decisão do júri relativamente à atribuição do Prémio Ascânio ao HELDER. O mesmo não me pareceu acontecer relativamente ao Prémio Frakson, onde diversas opiniões apontavam para MIGUEL CAMPOS como merecedor de tal prémio. Eu partilho desta opinião, embora goste bastante da rotina apresentada por KARIM (vencedor do Prémio Frakson). No entanto KARIM teve algumas falhas que no meu ponto de vista o deveriam ter penalizado mais do que parece ter acontecido.