É quase um lugar comum dizer que a época de Natal é uma... época mágica. Que mais não seja porque, com os constantes apelos ao consumismo (que nos “assaltam” no dia a dia), é, para a maioria dos portugueses, verdadeiramente mágico conseguir esticar o orçamento para as prendas da praxe.
Mas claro que estas prendas trocadas, quer seja por um gesto de amizade quer seja por mera “obrigação social”, não encerram a mesma “magia” que as prendas tinham na nossa meninice quando apareciam “magicamente” na chaminé...
E como era emocionante escrever a carta ao Pai Natal (ou ao menino Jesus) e esperar pela madrugada dos 25 de Dezembro para saber se ele correspondera (ou não) ao nosso pedido... Por isso foi com redobrada alegria que li a carta que o meu velho amigo Afonso (da célebre dupla Serafim e Afonso...) escreveu ao Pai Natal. Com autorização do autor aqui fica a respectiva transcrição.
Meu caro Pai Natal
Deves ficar espantado ao receber esta carta minha, pois já não te faço pedidos há alguns anitos. E se este ano decidi, novamente, escrever-te, tal não significa que te venha pedir algo para mim. Nem pensar! Com tanta gente necessitada (que há por aí) e com a contenção orçamental que a Dra. Manuela, quase de certeza, te impôs, acho que só faz sentido satisfazeres necessidades inadiáveis.
Portanto resisti ao egoísmo de te pedir algo para meu usufruto pessoal Aqui te deixo algumas das necessidades que detectei nos últimos tempos para colmatares na medida das tuas possibilidades:
- Um boião de coragem para aqueles cuja cobardia apenas permite manifestar opiniões através de cartas e e-mails anónimos;
- Um dentífrico ultra-forte para quem manda os outros lavar a boca sem antes cheirar o seu próprio hálito;
- Um frasco de “percebas” para quem atribui a uns o que outros escrevem;
- Uma caixa de cotonetes para quem “emprenha pelos ouvidos”;
- Outra caixa de cotonetes para quem só ouve o que lhe convém;
- Uma embalagem de educação e bom senso para todos os já referidos... e mais alguns.
Com tudo isto acho que já tens trabalho que te chegue... e sobre! Se calhar, vais deixar de ser aquele indivíduo que tem o melhor emprego do mundo, pois só trabalha um dia por ano, e vais ter que fazer horas extra... Contingências da crise... da crise de valores, claro!
Um abraço
Afonso
P.S.: Já agora aproveita e deixa no sapatinho de cada mágico uma embalagem com... A TRIPLA FANTASIA!