Nos últimos tempos o Ilusionismo tem sido mencionado, nas páginas do Jornal de Notícias, com alguma assiduidade e relevo. No passado domingo mais uma vez tal aconteceu, não propriamente nas páginas do conhecido matutino portuense, mas sim na revista NOTÍCIAS MAGAZINE que acompanha, fielmente, a edição dominical do JN… e não só!
O artigo intitula-se "Ilusionistas - A ARTE DA FUGA" e foi incluído na secção "COISAS QUE FASCINAM" da citada revista. Escolha acertada, na minha opinião, pois nada me fascina mais do que a nossa querida ARTE MÁGICA.
No artigo em questão, a sua autora (Carla Maia de Almeida) dá a sua visão pessoal do fascínio que o Ilusionismo encerra, conseguindo, com alguma frases de belo recorte literário, levar o leitor a recordar experiências mágicas a que assistiu ou a imaginá-las pura e simplesmente. É disso exemplo o seguinte texto, que reproduzo:
«Nas mãos de um ilusionista, até as coisas mais prosaicas do mundo ganham expectativas irreais, um certo protagonismo que lhes está vedado no quotidiano distraído. Um valete de copas pode não ser só um valete de copas; uma laranja pode não ser só uma laranja. Subtraídas à sua estrita funcionalidade, os objectos integram-se noutra lógica que transforma o banal em fascinante, o aparentemente óbvio em possibilidade insólita.» (sic)
Digo simplesmente… LINDO!
No entanto há 3 pontos no citado artigo que me deixaram pouco feliz.
O primeiro ponto negativo é o próprio título. Parece-me demasiado "redutor" rotular a nossa Arte como A ARTE DA FUGA. Não me restam dúvidas que tal ficou a dever-se à importância que a jornalista encontrou na personalidade de HOUDINI, mas tal fascínio levou-a a cair numa generalização descabida.
O segundo ponto negativo é o texto inicial do artigo, a saber : «Mágico, inventor, actor, entertainer, jogador, ladrão, sedutor… Na figura do ilusionista convergem uma série de personagens que, a seu modo, fogem às convenções do mundo real e se reinventam numa possibilidade de ficção.» (sic). A inclusão do termo ladrão (e nem sequer usar aspas!) é, quanto a mim, de muito mau gosto e só pode encontrar as suas raízes na "célebre frase" com que muitos de nós já fomos confrontados alguma vez quando somos apresentados como ilusionistas: "Está aqui um ilusionista… Cuidado com as carteiras!".
O terceiro ponto negativo foi o que me deixou mais pensativo. A determinado passo pode ler-se: «Houdini não viveu para assistir ao declínio da arte que o tornou célebre.» (sic). Esfreguei os olhos e fui ler segunda vez. Não tinha visto mal: era mesmo aquilo que estava escrito!!! Interrogo-me quanto à profundidade da investigação jornalística que permitiu à Sra. jornalista obter tal conclusão? Será verdade? Será a MAGIA uma Arte em declínio? Eu digo um rotundo NÃO!